💡 Por que, mesmo com tanto sol, nossa conta de luz continua subindo?
- presidencia3603
- 5 de out.
- 3 min de leitura

Enquanto milhões de brasileiros investem em energia solar e ajudam o país a reduzir a dependência das hidrelétricas, o governo anuncia o retorno da bandeira vermelha nas contas de luz — e ainda cria novas cobranças sobre quem produz energia limpa. A pergunta que fica é: de que lado está o governo? Do lado de quem inova e busca sustentabilidade, ou de quem lucra com o modelo antigo e caro de geração?
A bandeira vermelha: o sinal de alerta que não convence mais
Desde 2015, a ANEEL adota o sistema de bandeiras tarifárias para sinalizar o custo de geração de energia.Quando os reservatórios das hidrelétricas estão cheios, a conta vem “verde”.Mas quando falta chuva, entra a bandeira vermelha, com acréscimos que chegam a R$ 0,0787 por kWh.
A justificativa oficial é simples: falta água, precisamos acionar termelétricas — logo, a energia fica mais cara. Mas será que essa explicação ainda se sustenta?
Vivemos um dos momentos de maior geração solar da história, com milhões de painéis espalhados por telhados e fazendas solares de norte a sul do país.Mesmo assim, a conta sobe. A bandeira vermelha parece menos um aviso climático e mais um símbolo de ineficiência administrativa.
O cidadão ajuda… e ainda paga por isso
Os brasileiros estão fazendo a sua parte.Instalam painéis, investem do próprio bolso, reduzem o consumo da rede e até devolvem energia para o sistema. Na prática, estão ajudando as hidrelétricas a economizar água e o governo a gastar menos com termelétricas.
E qual é a resposta do Estado? Cobrar mais. Cobrar bandeira vermelha. Cobrar impostos sobre equipamentos solares. Cobrar tarifa sobre a energia limpa que o cidadão gera e doa para a rede.
É o mesmo que o governo agradecer com uma multa quem planta árvores para combater o desmatamento.
A “taxação do sol”: quando a lógica se inverte
Com a Lei nº 14.300/2022, o chamado Marco Legal da Geração Distribuída, o país deveria ter dado um salto em direção à sustentabilidade. Mas, na prática, o texto abriu caminho para o que ficou conhecido como “taxação do sol”.
Quem instalou painéis solares após janeiro de 2023 passou a pagar gradualmente tarifas sobre a energia injetada na rede — 45% em 2025 e até 90% em 2028. Ou seja, o consumidor que gera energia limpa, reduz demanda e ainda contribui com o sistema, é penalizado como se fosse um problema.
A justificativa das distribuidoras é que esses consumidores “usam a rede” para compensar energia. Mas o que não dizem é que a energia solar reduz perdas elétricas, posterga investimentos em infraestrutura e estabiliza o fornecimento em horários críticos. Ou seja, é uma ajuda técnica disfarçada de despesa.
O discurso verde que não combina com a prática
O governo fala em transição energética, economia verde e sustentabilidade. Mas na hora de agir, cria barreiras e aumenta impostos sobre a fonte mais limpa e abundante que o Brasil possui.
Por que incentivar combustíveis fósseis, subsidiar termelétricas e onerar a energia solar? Por que o país que mais recebe luz solar no mundo precisa pagar uma das contas de energia mais caras da América Latina?
A incoerência é gritante — e o contribuinte percebe. Fica a sensação de que, enquanto o cidadão investe para economizar, o Estado busca novas formas de arrecadar.
Um modelo que precisa mudar
O setor elétrico brasileiro precisa de equilíbrio. É justo que todos contribuam pela manutenção da rede, mas também é essencial recompensar quem gera benefícios coletivos.
Medidas como:
cobrança proporcional ao uso real da rede,
isenção de bandeiras tarifárias para energia limpa,
incentivo à instalação de baterias e armazenamento,
e programas de acesso à energia solar para famílias de baixa renda,
podem tornar o sistema mais justo e sustentável.
O papel da CDL Aracaju
A CDL Aracaju acredita que o desenvolvimento econômico deve caminhar junto com a responsabilidade ambiental e a eficiência energética. Penalizar quem investe em energia limpa é ir na contramão do futuro e desperdiçar o potencial de um país abençoado pelo sol.
O comércio, a indústria e os consumidores precisam de previsibilidade, estímulo e confiança — não de novas tarifas travestidas de sustentabilidade.
Se o Brasil quer crescer com energia limpa, precisa iluminar suas intenções com transparência. Porque, diante de tanto sol, o que não pode continuar é a sombra das contradições.
CDL Aracaju Comprometida com o fortalecimento do comércio, da inovação e de um futuro mais sustentável para Sergipe e para o Brasil.
Elison Bomfim - Administrador, publicitário e presidente da CDL Aracaju
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